Ministério Público argumenta que a regulamentação das apostas esportivas online afasta a existência de lavagem de dinheiro das bets. Órgão recomenda que continue a investigação sobre lavagem de dinheiro vindo de jogo do bicho. Deolane Bezerra, Gusttavo Lima, Darwin Henrique da Silva Filho, Maria Eduarda Quinto Filizola, André e Aislla Rocha estão entre os investigados
Arte/g1
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu, nesta segunda-feira (25), o arquivamento parcial da investigação vinculada à Operação Integration – que investiga lavagem de dinheiro de jogos ilegais e resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra e no indiciamento do cantor Gusttavo Lima. Para o órgão, a regulamentação das apostas esportivas online afasta a existência do crime de lavagem de dinheiro das bets.
O pedido de arquivamento é parcial porque o MP recomendou que a investigação continue apurando os crimes de lavagem de dinheiro proveniente de jogo do bicho. Os investigadores encontraram indícios de que a empresa Esportes da Sorte, de Darwin Henrique da Silva Filho, misturava dinheiro da banca de jogo do bicho Caminho da Sorte, de Darwin Henrique da Silva, pai de Darwin Filho, com valores da casa de apostas online.
✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp
O Ministério Público, que anteriormente havia pedido que a investigação relativa aos donos da “Vai de Bet” seguisse para a Paraíba, onde fica a sede da empresa, desta vez solicitou o arquivamento da investigação relativa à bet paraibana.
A manifestação do MPPE, assinada pela promotora Mariana Pessoa de Melo Vila Nova, obedece a uma determinação da Justiça. Na quarta-feira (20), a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, estipulou um prazo de cinco dias para que o órgão oferecesse denúncia, arquivasse o caso ou pedisse novas diligências dentro da Operação Integration.
O novo documento do Ministério Público reforçou posicionamentos anteriores já sustentados pelo MP, entre eles o arquivamento da investigação sobre a compra e venda de uma aeronave do cantor Gusttavo Lima para empresas “Esportes da Sorte” e “Vai de Bet” por falta de provas de ocultação de valores.
O g1 procurou o TJPE para questionar se há algum prazo para que o Tribunal decida pelo arquivamento parcial da investigação e quais os próximos passos relacionados ao processo. O órgão não se manifestou sobre o caso até a última atualização desta reportagem.
Vai de Bet
Segundo o MP, não há correlação entre os valores da “Esportes da Sorte”, que segue investigada por lavar dinheiro proveniente de jogo do bicho, e da empresa “Vai de Bet”. O único elo entre as empresas apurado até o momento seria a aeronave vendida por Gusttavo Lima ao dono da “Esportes da Sorte” e posteriormente à “Vai de Bet”.
A promotora Mariana Pessoa apontou, ainda, que o Ministério Público aguarda a quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, que, segundo o inquérito, é intermediadora de pagamentos da Esportes da Sorte e da Vai de Bet.
“A materialização dos indícios dessa mescla e, consequentemente, dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa dela decorrente, depende do resultado das quebras dos sigilos bancário e fiscal da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos e de outras empresas e investigados, em relação aos quais o Ministério Público requisitou a realização dessa diligência”, diz o texto do MPPE.
Apesar de apontar que a Operação Integration não identificou relação financeira entre as duas casas de apostas como justificativa para o pedido de arquivamento de parte da investigação, o MPPE recomendou que documentos que apuram operações suspeitas da “Vai de Bet” sejam encaminhados para as autoridades do Estado da Paraíba.
Cronologia da Operação Integration
Deolane Bezerra foi uma das pessoas presas na operação Integration, que investiga organização criminosa que atua com lavagem de dinheiro de jogos ilegais
A operação foi deflagrada em 4 de setembro, com o cumprimento de mandados de prisão, incluindo os de Deolane e da mãe dela, Solange Bezerra, e de busca e apreensão em Pernambuco e nos estados da Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás (veja vídeo acima).
No mesmo dia, um avião que pertenceu a Gusttavo Lima foi apreendido no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista.
O cantor estava na Grécia, para onde havia viajado em 1º de setembro na companhia de José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, casal de empresários donos da Vai de Bet, investigado na mesma operação.
Em 9 de setembro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco permitiu que Deolane fosse para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.
A influenciadora também foi proibida de se manifestar por meio de redes sociais, imprensa e outros meios de comunicação.
No entanto, ao deixar a Colônia Penal Feminina do Recife, Deolane falou com a imprensa e com fãs que se aglomeravam no local. Em seguida, postou uma foto no Instagram em que aparece com a boca coberta por uma fita, com a inscrição de um “X” no meio.
Em 10 de setembro, Deolane teve a prisão domiciliar revogada e voltou a ser presa.
Em 15 de setembro, Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 23 de setembro, a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima e do empresário Bóris Maciel Padilha.
Horas antes, entretanto, Gusttavo Lima havia deixado o Brasil em voo privado que saiu de madrugada do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com destino a Miami, na Flórida (Estados Unidos).
No mesmo dia, o Tribunal de Justiça de Pernambuco permitiu novamente que Deolane deixasse a prisão. Outros 17 investigados obtiveram habeas corpus na ocasião.
No dia 24 de setembro, a ordem de prisão preventiva de Gusttavo Lima foi revogada pelo relator do caso, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do TJPE.
O magistrado alegou que as justificativas dadas pela juíza para a ordem de prisão constituíam “meras ilações impróprias e considerações genéricas”.
Em 18 de novembro, o MP pediu arquivamento de investigação sobre o avião de Gusttavo Lima e recomendou que denúncias sobre lavagem de dinheiro sigam para a Paraíba.
No dia seguinte, o TJPE determinou um prazo de cinco dias para que o MPPE oferecesse denúncia, arquivasse o caso ou pedisse novas diligências na Operação Integration.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias