Vencedora do Grammy em 2022, cantora e compositora carioca fala sobre influências, retrospectiva Spotify, turnê solo e expectativa para o primeiro show em terras paraibanas. Dora Morelenbaum se apresenta em João Pessoa neste domingo (8)
Maria Cau Levy e Ana Frango Elétrico
A cantora e compositora carioca Dora Morelenbaum está trazendo sua primeira turnê solo para o Nordeste do Brasil. Seu álbum de estreia, ‘Pique’ lançado em outubro, já ecoa pelos quatro cantos do país, e João Pessoa recebe a artista primeira vez na Paraíba para um show neste domingo (8).
“Vai ser minha primeira vez em João Pessoa, então tô muito animada”, confessa Dora, com a mesma energia contagiante que transborda em suas canções. “Na verdade, vai ser minha primeira vez em algumas cidades do Brasil. Sinceramente, tô muito feliz, talvez mais ainda do que ir para fora do país”, revela ao g1.
A relação de Dora com a Paraíba, apesar de inédita em termos de shows, já é marcada por admiração e afeto.
“Obviamente tem Elba, Zé Ramalho, Sivuca… São milhões que eu me relaciono, sempre escutei em momentos diferentes da vida. Acho que todos eles têm muita relação com a canção e tem muito esse lugar: responsáveis por criar essa instituição da canção no Brasil”, conta.
Agora com um espaço próprio de experimentação e aprofundamento de sua visão artística, a cantora destaca a importância das colaborações, mas também a liberdade de explorar sua própria estética no trabalho solo.
Disco-movimento
“Pique”, o álbum que traz Dora a João Pessoa, é um convite. A viagem bebe da tradição do jazz para criar uma modernidade fluida, que existe entre a sutileza e a profundidade. Aqui, a sonoridade é rica em texturas, brincalhona e vivaz, refletindo bem a personalidade da artista.
O álbum, coproduzido por Dora e Ana Frango Elétrico, é um recorte de influências que também passam pelo soul e R&B. São 11 faixas que contam com composições solo e colaborações com Sophia Chablau, Tom Veloso, Josyara e Zé Ibarra.
O trabalho de Morelenbaum com outros artistas amplia os horizontes do álbum e a potencializa como letrista, instrumentista e produtora.
“São muitas camadas”, ela reflete. “É um álbum com várias facetas e eu me vejo muito em cada uma delas. Acho que por ser meu primeiro disco solo, existe essa emoção de querer colocar muitas vontades.”
A influência de artistas como Margo Guryan, João Donato e Erykah Badu, que figuram o top 5 da retrospectiva do Spotify de Dora, são perceptíveis.
“Ela (Margo Guryan) era uma super compositora que na verdade ninguém nunca deu bola. Ela tem um álbum só das demos das músicas, com as ideias cruas, que é uma coisa que eu sou muito apaixonada, né? (…) João Donato tá entre os cinco também, que foi uma super referência. Erykah Badu também tava, que também é outra referência sonora assim, muito para o álbum”.
Filha de músicos, Dora cresceu imersa em arranjos clássicos. Ao longo da sua carreira, já se envolveu em diferentes agrupamentos e colaborações, o mais conhecido deles sendo o Bala Desejo — que a rendeu em 2022, o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Pop em Português com o disco Sim Sim Sim (2022).
Dora Morelenbaum
Maria Cau Levy / Divulgação
No entanto, sua trajetória a levou por caminhos diversos. “Isso foi naturalmente acontecendo conforme eu fui buscando minhas próprias referências”, conta. “Com o Bala Desejo foi um espaço de experimentação, mas em ‘Pique’, eu acho que consigo explorar e consolidar ainda mais essa identidade.”
O disco traz o nome de umas das faixas: “Essa música fala sobre um processo que acabei me vendo muito enquanto fazia o álbum. Era um debruçar nas canções, mas ao mesmo tempo um movimento constante”, disse explicando um criar sinestésico.
Usando as mãos para desenhar o ar: “Era esse movimento, essas luzes da estrada, enquanto eu ouvia as músicas, como se isso fosse esses rastros de luz que acompanham as músicas”.
Capa do álbum ‘Pique’, de Dora Morelenbaum
Maria Cau Levy e Ana Frango Elétrico
Desde que começou com o Bala Desejo, nunca parou: foram quase dois anos na estrada com banda, fazendo shows pelo país e fora dele.
Entre os destaques do disco estão as canções Talvez (As Canções), que apresenta um regionalismo delicado; VW Blue, um brilhante pop jazzificado; Nem Te Procurar, que encerra o álbum, resgatando o vigor da abertura com Não Vou Te Esquecer; e claro, a faixa-título.
Pique no mundo
A primeira turnê solo de Dora começou na Europa, mas se encerra no Nordeste. “Ainda tá quente. A gente estreou na Europa, acho que foi bom também porque foi amadurecendo o show. Eu queria trazer o show aqui no Brasil mais prontinho”, admite.
O formato do show promete ser íntimo e sensorial. Acompanhada por Guilherme Lirio na guitarra, Dora planeja apresentar as músicas em arranjos que mesclam a produção do disco com as versões originais das composições.
Dora Morelenbaum, e mais: ‘Qual a Boa’ do fim de semana, 6, 7 e 8 de dezembro, na PB
“Tem sido muito emocionante sentir como as músicas se adaptam a cada formação de banda”, ela reflete sobre a turnê. “Algumas mais intimistas, do jeito que foram compostas, e outras com os músicos que tocaram no álbum.”
Dora traz essa energia contagiante para as terras paraibanas neste domingo (8), na Vila do Porto, localizada na Praça de São Frei Pedro Gonçalves, 8. Os ingressos já estão disponíveis para compra nos canais oficiais da casa de show e da artista.
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