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O que é verdade e o que é ficção em ‘Inexplicável’, filme que conta história real de menino que sobreviveu a doenças gravíssimas

g1 leu o livro e assistiu ao filme e mostra 20 curiosidades sobre a história real que foi parar nos cinemas. ‘Inexplicável’ estreou nos cinemas de todo o Brasil na semana passada
Inexplicável/divulgação
Foi lançado na última quinta-feira (5) o filme “Inexplicável”, drama nacional dirigido por Fabrício Bittar e estrelado por Letícia Spiller, Eriberto Leão, André Ramiro e Adriana Lessa. O filme é inspirado no livro “O Menino que Queria Jogar Futebol”, lançado originalmente em 2018 e de autoria do escritor paraibano Phelipe Caldas.
A obra de Phelipe conta a história de Gabriel Varandas e retrata fatos reais ocorridos nos anos de 2013 e 2014, quando o menino, então com 8 anos de idade, enfrentou gravíssimos problemas de saúde.
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Jogador de futebol apaixonado, a criança enfrentou um tumor maligno no cérebro e complicações que se seguiram à cirurgia. Ele chegou a ser desenganado por médicos, mas contra todos os prognósticos sobreviveu sem sequelas.
O g1 PB assistiu ao filme e leu o livro – e indica agora 10 pontos que o filme retrata com fidelidade aos fatos e 10 em que os roteiristas se permitiram dialogar com a ficção para adaptar a história ao cinema.
Aviso: este texto contém spoilers do filme “Inexplicável”
Qual a boa? Estreia filme ‘Inexplicável’ baseado no livro de Phelipe Caldas
Dez momentos que estão no filme e que de fato aconteceram
1. dúvidas sobre o tipo de câncer que Gabriel tinha
No filme de Fabrício Bittar, o médico Christian Diniz (André Ramiro) enumera três possíveis cânceres que Gabriel (Miguel Verenabile) poderia ter: um “meduloblastoma”, um “glioblastoma multiforme” e um “astrocitoma pilocítico”. Os dois primeiros são invasivos e com raras chances de cura. O terceiro mais brando e com reais chances de cura.
Tal como retratado no filme, os médicos de fato acreditavam que eram grandes as chances do paciente ter um dos tipos mais graves e ficaram suspresos quando a biópsia apontou o contrário.
A frase não foi dita por Christian na vida real, como indica o filme, mas de fato foi dito à família que o resultado poderia ser considerado “a segunda certidão de nascimento de Gabriel”.
Miguel Verenabile vive Gabriel em Inexplicável
Inexplicável/Divulgação
2. volta ao hospital um dia após a alta médica
Gabriel Varandas foi operado às pressas para a retirada do tumor maligno e recebeu alta em 7 de novembro de 2013. E logo no dia seguinte ele retornou à unidade hospitalar com uma meningite bacteriana que quase o matou. O filme retrata com fidelidade essa urgência entre a alta e o retorno. A única diferença é que o retorno de Gabriel ao hospital aconteceu no início da tarde de 8 de novembro e não durante a madrugada, como sugere o filme.
3. quadro sugestivo de morte encefálica
Por mais surpreendente que possa parecer, o médico Christian Diniz de fato atestou que Gabriel retornou ao hospital no dia seguinte com um quadro aparente de morte encefálica.
No livro de Phelipe Caldas, o médico destaca que Gabriel atingiu um estágio terminal que permitia ele encerrar qualquer tipo de procedimento médico e simplesmente declarado a sua morte. “Naquele momento, eu vi Gabriel morto”, declarou no livro.
Também como aponta o filme, o médico diz que não sabe o que lhe moveu para tentar reanimar o garoto, mas o procedimento acabou dando certo.
André Ramiro vive o cirurgião Christian Diniz em Inexplicável
Inexplicável/Divulgação
4. desenganado por médicos
O filme “Inexplicável” retrata em dado momento que os pais de Gabriel, Marcus (Eriberto Leão) e Yanna (Letícia Spiller), foram desenganados e informados que o óbito do garoto era iminente e irreversível. Isso de fato aconteceu. Não uma, como é mostrado no filme, mas duas vezes, em dois dias seguidos.
A principal diferença é que, numa cena dramática do filme, é a pediatra Janine Alencar (Adriana Lessa) quem passa essa informação à família. Na verdade, essa preparação para a morte não foi dada por Janine, mas por outra médica plantonista do hospital em que o menino estava internado.
5. restrição de pernoitar na UTI
Tal como é mostrado em “Inexplicável”, Yanna Varandas, a mãe de Gabriel, estava grávida de seis meses quando o seu filho mais velho começou a lutar entre a vida e a morte. E, de fato, ela foi proibida pela equipe médica de pernoitar no hospital, tendo sua permanência autorizada apenas durante o dia. A medida visava proteger o bebê de eventuais contaminações e riscos. Yanna comentou no livro que ficar longe do filho naquele momento foi uma das experiências mais difíceis de sua vida, que fazia ela sentir “uma dor terrível, um vazio massacrante”.
Letícia Spiller e Eriberto Leão como Yanna e Marcus
Inexplicável/Divulgação
6. tratamento com albumina
O filme mostra que num momento em que nada mais funcionava e que o quadro clínico de falência múltiplas dos órgãos de Gabriel era considerado irreversível, a equipe multidisciplinar que o atendia resolveu iniciar no garoto um tratamento com albumina injetável, que estava em desuso justamente por causa de seus baixos índices de sucesso.
Isso de fato aconteceu. Marcus à época precisou assinar uma declaração de ciência sobre a “alta taxa de ineficiência daquela medicação”, mas foi justamente isso o que salvou o menino.
7. prazo para a traqueostomia
Outro momento dramático do filme que retrata com fidelidade um episódio real é a dúvida que se criou na equipe médica entre fazer uma traqueostomia (obrigatória após 15 dias de intubação) e tentar realizar uma extubação para tentar fazer a criança voltar a respirar na base do trauma provocado pela falta de ar repentina.
Também é verdade que o risco de óbito aumentava 2% a cada extubação mal-sucedida. Outro fato real sobre esse episódio é que Gabriel realmente precisou ser transferido de unidade hospitalar para fazer uma ressonância magnética e que a pediatra Janine Alencar, a princípio, era mais inclinada a fazer a traqueostomia. A única diferença é a de que quem convence Janine a mudar de ideia não é Christian, mas Neto (Victor Lamoglia), o fisioterapeuta.
A cena do choro também é real. Retiraram o tubo e Gabriel começou a chorar pouco depois, o que era indício de que ele estava respirando. O procedimento aconteceu numa sexta-feira, 22 de novembro de 2013.
Choro emocionante retratado no filme é uma cena real
Inexplicável/Divulgação
8. a medicina não explica o que aconteceu
O filme “Inexplicável” gira em torno das relações entre fé e ciência. E o livro que inspira o filme, “O Menino que Queria Jogar Futebol”, traz algumas declarações de profissionais de saúde que trabalharam no caso e que mostram uma inexplicabilidade com o que aconteceu.
“Quando parecia que nosso limite humano havia acabado, presenciamos um milagre”, diz Heloísa Amorim, pediatra. “Na medicina, a gente define uma espécie de limite sobre até onde um paciente pode ir sem morrer. Mas Gabriel passou desse limite e não morreu”, completa a cardiologista Ana Cláudia Diniz. São duas das personagens reais que não foram representadas no filme.
9. o Fluminense e o Cabo Branco
O filme retrata também a umbilical relação de Gabriel com o futebol. O menino de fato é torcedor do Fluminense e fã de Fred, como sugere o filme. E o time onde ele joga futsal no filme, o Cabo Branco, é um clube verdadeiro que existe em João Pessoa, cidade natal do menino.
Gabriel (à esquerda) com o seu irmão Rafael: jogadores do Cabo Branco, de João Pessoa
Acervo Pessoal
10. os sons da UTI
Em diversos momentos do filme, os sons da UTI são reproduzidos, provocando incômodos e medos, principalmente no pai, Marcus. Esse é outro fato real. Porque, enquanto esteve internado, Gabriel passou por inúmeras intercorrências graves, e eram os sons da UTI que prenunciavam algo grave. Marcus relata no livro que durante muitos anos teve pesadelos regulares com os apitos da UTI.
Dez momentos em que o filme dialoga com a ficção
1. a fé de Marcus
A principal diferença entre o roteiro do filme e os fatos ocorridos nos anos de 2013 e de 2014 é com relação à fé de Marcus. No filme, ele é retratado como uma pessoa cética que só depois, no decorrer dos acontecimentos, muda sua relação com Deus. Na história real, Marcus e Yanna desde o início acreditaram juntos que Deus poderia intervir em favor de Gabriel e sempre fizeram orações conjuntas nesse sentido.
2. o desmaio em quadra
No filme, Gabriel, que já vinha sofrendo com dores de cabeça regulares, desmaia em quadra, o que liga o alerta da família para algum problema mais grave. As dores de cabeça são reais, o desmaio não. No livro, no entanto, é relatado que em dois jogos diferentes Gabriel cai em quadra, em desequilíbrios injustificados. São as dores de cabeça e a perda de equilíbrio constantes que faz a família levá-lo à oftalmologista Ana Carla, a primeira que percebe o problema no cérebro do menino.
Exames oftalmológicos prenunciaram o problema de Gabriel
Inexplicável/Divulgação
3. a relação da família com Christian Diniz
Em “Inexplicável”, o médico Christian Diniz é retratado como pai de um colega de time de Gabriel e é por causa desse detalhe que ele acaba entrando no caso. Na verdade, a família de Gabriel não conhecia Christian antes do episódio. Foi a oftalmologista Ana Carla, depois de examinar Gabriel, que indicou expressamente que eles deveriam procurar aquele neurologista específico, reconhecido como um dos melhores neurologistas infantis do país.
4. os acontecimentos acontecem em João Pessoa e não em São Paulo
Na verdade, em nenhum momento do filme é dito onde as cenas se passam, mas as poucas cenas externas permitem o espectador mais atento perceber que “Inexplicável” é ambientado em São Paulo, onde ele foi gravado. Os acontecimentos reais, no entanto, foram vividos em João Pessoa, terra natal da família e onde eles moram até os dias atuais.
Gabriel e Christian Diniz na vida real: eles só se conheceram na época dos acontecimentos
Inexplicável/Divulgação
5. a história do menino atropelado é ficcional
Em dado momento do filme há um diálogo entre duas famílias, e Marcus acaba interagindo com outro paciente que está internado, que foi atropelado e que acabaria morrendo alguns dias depois. Essa outra família é ficcional. Tem o objetivo provável de retratar outros dramas que são vividos em paralelo num mesmo hospital, mas o caso específico é uma liberdade poética.
6. Gabriel não passou 60 minutos sem pulso
Talvez com o objetivo de dimensionar o drama vivido por Gabriel e pela equipe médica que cuidava dele, é dito no filme que Gabriel ficou cerca de 60 minutos sem pulso. A realidade contudo é bem diferente. No livro, é dito que o menino “passou pouco mais de um minuto sem pulso”.
Ainda assim, o filme acerta quando fala do quadro de quase morte. O livro cita que, mesmo depois do retorno do pulso, Gabriel seguia em coma profundo, com pupilas extremamente dilatadas, “arreflexivo” e com uma hidrocefalia severa na região intracraniana.
7. a decisão sobre o exame fora do hospital
Retornando ao entrave entre fazer a traqueostomia ou tentar extubar Gabriel, é retratado no filme que os pais precisaram assinar uma autorização para que a criança fizesse exames em outra unidade hospitalar. A transferência de ambulância é real, mas os pais não precisaram assinar nada. A única autorização que os pais precisaram dar foi com relação ao tratamento com albumina.
Aliás, o filme mostra os pais participando dos debates e opinando sobre extubar ou fazer a traqueostomia em Gabriel, mas isso não aconteceu. Todos os debates foram exclusivos da equipe multidisciplinar e considerando apenas questões técnicas e científicas. Havia dois votos a favor de tirar o tubo e dois votos a favor de realizar a traqueostomia. Cabia a Jaqueline Alencar, como chefe da UTI pediátrica em que estava Gabriel, dar o voto de minerva.
Transferência de fato aconteceu, mas não precisou de autorização da família
Inexplicável/Divulgação
8. oração em frente ao hospital
Na cena em que Gabriel vai realizar exames em uma outra unidade hospitalar, o filme retrata uma grande mobilização em frente ao hospital, com pessoas rezando e segurando velas. A cena é real, mas está fora de contexto.
De fato, ao longo da internação de Gabriel houve uma grande mobilização a esse respeito, mas esses encontros aconteciam sempre na casa de Tia Kalina (Maria Souza) e Tio Cordeiro (Walter Breda). No dia do exame, de fato havia muitos familiares de Gabriel em frente ao local, mas apenas porque era uma oportunidade de vê-lo pela primeira vez depois de tanto tempo, já que o acesso à UTI era restrito a apenas poucas pessoas.
9. Gabriel jogou a final do campeonato
Em “Inexplicável”, Gabriel está à beira da quadra, numa cadeira de rodas, vendo seus amigos sendo campeões de futsal, mas na verdade ele jogou sim a final do Campeonato Paraibano de 2013 contra o Benfica, vencendo os jogos finais por 9 a 7 e 2 a 0.
Isso porque, naquela época, a Federação Paraibana de Futsal realizava as entregas das medalhas e troféus apenas no final do ano, numa solenidade que comemorava os campeões de todas as categorias. Assim, o campeonato foi realizado no primeiro semestre, antes dos problemas de saúde. Apenas a premiação é que aconteceu depois de todos os problemas.
Gabriel jogou a final do Campeonato Paraibano de 2013
Acervo Pessoal
10. Gabriel não voltou a andar na premiação do título
Gabriel foi à premiação, como mostra o filme, mas ainda não andava e ainda não falava
Acervo Pessoal
Outro ponto com relação à competição retratada no filme é que, em “Inexplicável”, Gabriel volta a andar no dia em que o seu time é premiado campeão. Na hora de receber o troféu, ele se levanta com dificuldades pela primeira vez e recebe a taça ao lado dos colegas. Na história real, contudo, Gabriel vai de fato ao evento, mas ainda numa época de grave comprometimento motor. Ele ainda não falava e ainda não andava. Gabriel só volta a falar no final de dezembro de 2013 e só volta a andar em janeiro de 2014.
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