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Organização criminosa que agia para influenciar eleição em João Pessoa fazia esquema ‘fura fila’ na Saúde, diz PF

Análise de conversas demonstra um esquema ilegal, elaborado para permitir que candidatos a vereadores façam indicações de pessoas com exames e consultas pendentes de marcação, diz Polícia Federal. PF investiga esquema de ‘fura fila’ na marcação de exames e consultas de João Pessoa
Divulgação/PMM
A Polícia Federal (PF) apontou que a organização criminosa suspeita de influenciar eleições em João Pessoa também atuava em um esquema ilegal na marcação de exames e consultas na Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa. De acordo com a PF, a ex-diretora de Atenção à Saúde do município, Alline Grisi, exonerada na última segunda-feira (10), explica, em conversas, como o esquema funcionava. A investigação faz parte da Operação Território Livre.
O inquérito foi aberto pela PF no dia 3 de outubro, mas o g1 só teve acesso nesta quinta-feira (17).
A defesa de Alline Grisi informou que ainda não teve acesso à investigação de forma oficial. “Estamos aguardando o acesso para nos manifestar”, destacou.
A prefeitura de João Pessoa declarou que “não reconhece nem admite qualquer iniciativa que busque interferir na regulação de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tal conduta é incompatível com o serviço público e não será aceita ou tolerada pela atual gestão”. Na nota, “o prefeito destaca que, em 5 de junho deste ano, o secretário de saúde do município publicou uma portaria que criou a ‘COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLOS DE REGULAÇÃO AMBULATORIAL EM SAÚDE’. A comissão tem, entre outras responsabilidades, a função de ‘estabelecer critérios claros e objetivos para a regulação dos serviços de saúde ambulatorial, garantindo o acesso equitativo e oportuno da população aos serviços”. Desde então, todos os procedimentos regulados passam por análise técnica de uma comissão formada por seis médicos, que tem como objetivo garantir o acesso mais rápido a urgências e a pacientes em risco iminente de morte'”.
Conforme a PF, a análise de conversas demonstra uma esquema ilegal, elaborado para permitir que candidatos a vereadores façam indicações de pessoas com exames e consultas pendentes de marcação na Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, passando na frente de outras pessoas que estariam na fila regular de agendamentos.
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“Essa espécie de regulação paralela de exames e consultas teria o intuito de ser moeda de troca para angariar votos e apoio político na campanha eleitoral dos candidatos apoiados pela gestão municipal atual”, detalha a Polícia Federal.
A Polícia Federal identificou que o esquema seria operacionalizado da seguinte forma:
candidato a vereador promete resolver questões relacionadas a marcação de exames durante visita na casa dos eleitores em troca de voto e apoio político;
o candidato, ou alguém de sua confiança, levaria os pedidos em um envelope até a equipe de servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa destacada para atender essas demandas, que seria chefiada por Alline Grisi;
em seguida, esses pedidos furam a fila ordinária e são marcados de imediato.
Em uma conversa de Alline Grisi com Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa, a ex-servidora encaminha um áudio, que seria de uma de suas subordinadas, para Lauremília falando sobre um candidato a vereador.
Na descrição do áudio, é possível ver detalhes do funcionamento do esquema de regulação.
Inicialmente, Alline Grisi informa que o áudio é de uma “menina da marcação”, que, segundo a PF, seria a pessoa responsável por receber os pedidos dos vereadores e proceder a marcação dos exames.
Em seguida, a PF descreve que o que motivou o envio da mensagem de áudio foi que o candidato a vereador estaria enviando demandas, ou seja, pedidos de marcação de exames e consultas pelo celular e que este não seria o meio combinado para repassar os pedidos.
Na continuidade do áudio, a subordinada de Alline Grisi questiona se o candidato mencionado iria enviar os pedidos em um envelope, deixando claro que este seria o meio acertado para o envio das demandas.
Em uma parte do áudio, a PF expõe que a mulher que conversava com a ex-servidora cita que não estava marcando exames apenas para o gabinete político, mas também cuidava das marcações ordinárias do município.
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